Deputados reafirmam apoio à
luta indígena pela equiparação salarial de professores
Publicado em: 27/04/2022 18:07
Editoria: Notícia
Atuante na intermediação entre os povos indígenas e o Governo da Bahia,
Bira Corôa entende que as revindicações são legítimas
Foto: JulianaAndrade/AgênciaALBA
No segundo dia do 4º Acampamento dos
Povos Indígenas da Bahia, os deputados Bira Corôa Lula (PT), Hilton Coelho
(Psol) e Jacó Lula da Silva (PT) reafirmaram, na manhã desta quarta-feira (27),
o apoio às reivindicações da população indígena. Durante o encontro, realizado
no terreno na frente da Assembleia Legislativa, onde os representantes de
diversas etnias estão acampados, os legisladores se comprometeram a levar, ao
plenário da Casa, demandas como educação, saúde e segurança dos povos
indígenas.
Conforme ressaltou Jacó, embora a
pauta de exigências seja ampla, a educação é o ponto central dos protestos.
Segundo o parlamentar, os índios cobram do Governo do Estado a equiparação
salarial dos professores indígenas com o vencimento mensal dos docentes
não-índios que compõem a rede estadual de ensino.
“São questões de extrema relevância
para a população indígena e que o nosso mandato acompanha, dialoga e media com
o Estado. Com certeza a gente vai reverberar isso para a opinião pública.
Através da Comissão dos Direitos Humanos, vamos levar ao plenário essas
questões. A questão da educação indígena é gritante. E esta pressão que eles
estão fazendo é legítima, e a SEC [Secretaria de Educação do Estado] está
comprometida a ajustar. O problema é o tempo. Por parte dos índios, as demandas
são urgentes, mas a velocidade de atuação da máquina pública tem procedimentos,
e não segue no mesmo ritmo”, afirmou.
De acordo com a co-coordenadora geral
do Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (Mupoiba),
Patrícia Krinsi, os educadores indígenas concursados têm uma remuneração 50%
menor do que os não-indígenas, e nunca tiveram reajuste. “Nosso salário não
aumenta, e nós não conseguimos avançar verticalmente e horizontalmente. Nós
estacionamos. Mesmo com graduação e pós-graduação nós não recebemos conforme a
qualificação. Isso é muito sério, pois somos profissionais da educação tão bons
quanto os outros”, protestou.
Para o deputado Hilton Coelho, não
existem razões que justifiquem tamanha disparidade. O socialista garantiu que
continuará apoiando o movimento na luta pela igualdade e valorização da
educação indígena. “Estamos empenhados, entre outras coisas, a lutar contra o
racismo institucional que representa o desnível salarial. Reafirmamos que é
extremamente necessário salário igual para trabalho igual. Não há justificativa
legal ou moral para se pagar menor para educadoras e educadores indígenas e
mais para os que não são”, afirmou.
Atuante na intermediação entre o povo
indígena e o Governo da Bahia, Bira Corôa explicou que a demanda é legítima, e
que o Estado trabalha para atendê-la. De acordo com o deputado, a Bahia foi
pioneira em criar a profissão do professor indígena. Segundo o petista, na
época, a maioria dos docentes indígenas não eram graduados, e as escolas
indígenas eram de primeiro grau. “Os professores indígenas eram docentes do
ensino fundamental, com salário bem abaixo da média da categoria por conta da
graduação. Só que os professores foram estimulados a se graduar, e hoje existem
professores indígenas mestres e doutores, que ganham a mesma coisa que ganhavam
no passado”, contou.
Ainda de acordo com Bira Corôa, a
ALBA aprovou uma lei que regulou a remuneração dos professores não-índios em
atendimento ao piso nacional da educação, mas os docentes indígenas não foram
contemplados. “Como a lei foi aprovada aqui na Casa Legislativa, para a
regulamentação da equiparação salarial com base no piso nacional dos professores
não-indígenas, necessita-se de uma lei específica. É esta lei que o governo
precisa encaminhar para a ALBA para que a gente vote aqui na Casa. Tenho
intermediado o diálogo com a Secretaria de Educação. Posso dizer que existe uma
predisposição desta secretaria de governo em atender estas demandas. Tenho me
posicionado para restabelecer as mesas de negociações”, afirmou.
O 4º Acampamento dos Povos Indígenas
da Bahia segue até o dia 29, com representantes de 33 etnias alojados em um
terreno na frente da Assembleia Legislativa, no Centro Administrativo. O
encontro, organizado pelo Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da
Bahia (Mupoiba), conta com o apoio da ALBA e do Governo do Estado e promove o
debate entre lideranças e representantes de etnias acerca de temas que lhes são
comuns, a exemplo de questões territoriais, de violência contra indígenas e de
acesso a saúde e educação. Protestos contra invasões de reservas e contra o
Marco Temporal, que traz novo regramento para demarcação de terras indígenas e
está em análise no Supremo Tribunal Federal, fazem parte da pauta, assim como
um manifesto em favor da equiparação salarial dos professores indígenas em
relação aos demais professores do Estado.
Na manhã desta quarta-feira, além do
encontro com os parlamentares, o evento contou com uma plenária com
representantes do Ministério Público Federal (MPF), Defensoria Pública da União
(DPU) e Defensoria Pública do Estado da Bahia (DPE), além de instituições
indigenistas, sindicatos e universidades
FONTE: ALBA
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